#28deAbril A Greve Geral parou o Brasil

Foto: Assessoria ADUFPel

O Brasil literalmente parou na sexta-feira, 28 de abril, com a realização da primeira greve geral da classe trabalhadora dos últimos 28 anos - que, certamente, não será a única greve geral de 2017 a depender da disposição dos trabalhadores para lutar pela manutenção dos seus direitos! Convocada em 27 de março, por nove das principais centrais sindicais do país, contra o conjunto de ataques do governo Temer (principalmente as Reformas Previdenciária, Trabalhista e a Lei das Terceirizações), o movimentou ganhou adesão de praticamente todos os setores e categorias de trabalhadores do setor público e privado, mostrando o caminho que devemos trilhar para garantir nossas conquistas e ampliar nossos direitos e horizontes de lutas: a unidade.

| Parou tudo!
Praticamente nenhum serviço de transporte público (ônibus, BRTs, metrôs, trens e VLTs) funcionou em grande parte das cidades brasileiras durante a greve geral. Até em alguns aeroportos os voos foram suspensos, total ou parcialmente. Escolas e universidades, públicas e privadas, cancelaram suas aulas. A maioria dos grandes centros comerciais do país também fecharam suas portas. As cidades menores também participaram do movimento e tiveram um “dia útil” com todo o contorno de feriado, com pouco ou nenhum movimento em seus comércios e zonas produtivas.

| Repercussão, ataques e lições
Todos os veículos da imprensa de massa apressaram-se em dar grande cobertura à greve geral. Desde a madrugada, quando começaram os primeiros protestos com fechamentos de vias e formação de congestionamentos recordes, houve cobertura ao vivo das atividades da greve.
Tentaram, a todo momento, caracterizar a resistência legítima da população em defesa dos seus direitos trabalhistas e previdenciários como “violenta” e “pequena”. Mas não souberam como justificar que um movimento “minoritário” e “pífio” (nas palavras do Ministro da Justiça, Osmar Serraglio) deixou as cidades desertas e ocupou tanto espaço na cobertura jornalística.
O presidente ilegítimo Michel Temer lançou uma Nota Oficial para comentar um movimento restrito a “pequenos grupos”. Representantes do governo tentaram reduzir o impacto da Greve Geral e afirmaram que as reformas não devem ser afetadas pelo movimento. No entanto, muitos senadores já sinalizaram uma mudança de opinião e passaram a questionar o encaminhamento das reformas.

| Repressão
A Polícia Militar, mais uma vez, fez o que estamos acostumados a ver e lamentar: envergonhou o Brasil e rebaixou nossa nota para o próximo ranking mundial de respeito aos direitos humanos. Agressões e prisões desmedidas e injustificadas contra movimentos e manifestantes pacíficos foram registradas em várias cidades. As mais preocupantes no Rio de Janeiro-RJ, com disparos de muitas bombas e balas de borracha para dispersar um ato de rua que transcorria sem nenhum indício mínimo de desordem - uma bibliotecária foi gravemente ferida por um dos tiros da PM; e em Goiânia-GO, onde o estudante Mateus Ferreira foi atingido na cabeça por um golpe de cassetete e ficou gravemente ferido.

| Ameaças ao direito de greve
Não bastou colocar em tramitação no Congresso projetos que restringem o direito de greve de funcionários públicos. Não bastou o Supremo Tribunal Federal (STF) optar por legislar (que não é sua função) e proibir o direito de greve de servidores civis que trabalham na segurança pública. Para ser ainda mais contundente no ataque ao direito de greve dos trabalhadores, o Presidente da República (Michel Temer) afirmou que o trabalhador que aderisse à greve geral teria o seu dia de trabalho cortado.
O Ministério Público do Trabalho lançou, antes da greve, uma Nota Pública que afirmou que os trabalhadores possuem direito constitucional à greve, em resposta a posturas autoritárias. Ao final, dado o sucesso da Greve Geral, ficou claro que as ameaças não amedrontaram a população - que cruzou os braços, faltou ao trabalho e foi às ruas protestar.

| Participação do SINASEFE
O SINASEFE NACIONAL convocou as centrais sindicais ao chamamento da greve geral para a segunda quinzena de abril no final de março. Assim que a greve foi confirmada para o dia 28/04, o SINASEFE direcionou um novo chamado às suas bases, clamando pela adesão e construção do movimento em cada cidade. Debatida e aprovada sucessivamente em várias das nossas Plenárias Nacionais desde o segundo semestre de 2016, a greve geral se tornou uma das bandeiras do SINASEFE para reversão da atual conjuntura. 
Praticamente toda a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica parou suas atividades na última sexta-feira, havendo inclusive a adesão dos servidores civis das Instituições Militares de Ensino (IFE Militares) ao movimento paredista - enfrentando todo tipo de assédio moral e de práticas antissindicais dos gestores militares dessas instituições.

| Mobilização no IFSul 
Os servidores do Instituto Federal aprovaram, em assembleia geral realizada no dia 24 de abril, a adesão ao movimento de Greve Geral do dia 28 de abril. As atividades acadêmicas foram suspensas nos 14 campi da instituição. Os servidores participaram de mobilizações nas cidades de Bagé, Camaquã, Passo Fundo, Pelotas, Santana do Livramento e Venâncio Aires. Em todo o país, as mobilizações iniciaram ainda na madrugada, quando o transporte público foi parado na maioria das cidades. O transporte intermunicipal foi interrompido em diversos locais com apoio de barreiras nas estradas. No Rio Grande do Sul, trechos de oito rodovias foram fechados. 
Em Pelotas, foram realizadas duas rondas no centro da cidade, nas quais foram distribuídos materiais explicativos sobre as reformas. No final do dia, milhares de pessoas se reuniram no largo do Mercado Público e saíram em marcha pelo centro da cidade. O ato, organizado pela Frente em defesa do serviço público, das conquistas sociais e trabalhistas, foi um dos maiores já realizados, congregando movimentos sindicais, sociais, estudantis e população em geral.

| Avaliação: Continuar e Ampliar a Mobilização Contra a Retirada de Direitos!
As Centrais Sindicais, reunidas no dia 04 de maio, avaliaram a Greve Geral do dia 28 de abril como a maior mobilização da classe trabalhadora brasileira. Os trabalhadores demonstraram sua disposição em combater o desmonte da Previdência social, dos direitos trabalhistas e das organizações sindicais de trabalhadores.
A forte paralisação teve adesão nas fábricas, escolas, órgãos públicos, bancos, transportes urbanos, portos e outros setores da economia e teve o apoio de entidades da sociedade civil como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Ministério Público do Trabalho, associações de magistrados e advogados trabalhistas, além do enorme apoio e simpatia da população, desde as grandes capitais até pequenas cidades do interior.
As Centrais Sindicais também reafirmaram sua disposição de luta em defesa dos direitos e definiram o seguinte calendário para continuidade e ampliação das mobilizações: 

8 a 12 de maio
Comitiva permanente de dirigentes sindicais no Congresso Nacional para pressionar os deputados e senadores e também atividades em suas bases eleitorais para que votem contra a retirada de direitos;
Atividades nas bases sindicais e nas ruas para continuar e aprofundar o debate com os trabalhadores e a população, sobre os efeitos negativos para a toda sociedade e para o desenvolvimento econômico e social brasileiro.

15 a 19 de maio
#OcupaBrasília: conclamamos toda a sociedade brasileira, as diversas categorias de trabalhadores do campo e da cidade, os movimentos sociais e de cultura, a ocuparem Brasília-DF para reiterar que a população brasileira é frontalmente contra a aprovação da Reforma da previdência, da Reforma Trabalhista e de toda e qualquer retirada de direitos;
Marcha a Brasília-DF: em conjunto com as organizações sindicais e sociais de todo o país, realizar uma grande manifestação em Brasília contra a retirada de direitos.
Se isso ainda não bastar, as Centrais Sindicais assumem o compromisso de organizar um movimento ainda mais forte do que foi o 28 de abril.

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