Nota do SINASEFE Nacional sobre a conjuntura e nossas principais tarefas

Na madrugada do dia 12 de maio o senado federal legitimou o circo de horrores que no dia 17 abril assistimos no Congresso Nacional, dando prosseguimento ao processo de impeachment. Neste dia, senadores fisiológicos utilizaram um tempo de fala de 10 minutos em discursos cinicamente elaborados para votar na mesma proposta que outrora deputados igualmente fisiológicos votaram com argumentos bem mais simplórios e igualmente cínicos. A presidenta eleita foi afastada então do poder acusada de uma prática comum a todos os presidentes anteriores e de praticamente todos os governadores, alguns deles ferrenhos defensores do impeachment, tais como Geraldo Alckmin, do PSDB, e até mesmo pelo então vice-presidente de Dilma.

O governo interino de Michel Temer é assim resultado de intrigas parlamentares que oficializam a política de dois pesos e duas medidas. De manipulações de dados e manobras parlamentares de aliados oportunistas e notoriamente corruptos, entres os quais se destacam Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney, todos com pedido de prisão em trâmite no STF. Um governo ilegítimo porque é fruto de mentiras e sensacionalismo midiático, da mobilização da “nova direita”, filho das falastradas de Jair Bolsonaro e das orações de Silas Malafaia! Não poderia ser outra coisa senão o que é: um governo de ministros homens, brancos, conservadores, homofóbicos e investigados pela lava-jato. Em poucos dias, três ministros já caíram e outros já estão na berlinda, onde estão agora os “coxinhas” que lotaram as ruas “contra a corrupção”?

E de um ministério como esse só podemos esperar uma coisa, a radicalização, a pretensão e agilidade necessárias para implementar os piores ataques à classe trabalhadora, ataques que não víamos desde a época da ditadura militar. Em grande parte, as medidas que agora serão aprofundadas já vinham sendo praticadas pelo governo destituído: ajuste fiscal, privatizações, corte de verbas de políticas sociais, na saúde, educação, quebra de direitos trabalhistas e previdenciários etc.

Sustentado por uma significativa base parlamentar conservadora, em alguns casos com claros traços fascistas, um caminho para medidas ainda mais regressivas se abre, sinalizando a perda de conquistas históricas da classe trabalhadora e até mesmo o recuo dos pequenos avanços obtidos na última década.

A visibilidade das denúncias de corrupção e a própria operação Lava Jato, amplamente questionada na sua seletividade, sofrerão restrições na sua ação e já não encontrarão tanto respaldo na grande mídia, que tinha clara inclinação antigoverno em sua cobertura. A agenda econômica e política do ilegítimo novo governo tende a ser implementada mediante ações repressivas, endurecendo e criminalizando os conflitos sociais.

O Sinasefe não se furtará a denunciar esse governo, nem a chamar o “FORA TEMER”. Isso não significa, todavia, que abriremos mão de nossa autonomia frente aos partidos e defensores do governo anterior. Não deixaremos de realizar a crítica do que significou o mandato de Dilma, especialmente os 17 meses do segundo mandato.

Em nosso ver, o movimento em prol do impeachment adquiriu força pela perda de legitimidade política e social do governo, a partir do momento em que o mesmo rasgou suas promessas de campanha – que já não eram tão avançadas assim – e passou a executar o programa do(a)s derrotado(a)s, mesmo que em um ritmo distinto da frente política que agora toma o governo de assalto. Este fato corroeu sua base de apoio e deixou o governo sem sustentação no(a)s seus/suas eleitore(a)s (basta ver o alto índice de rejeição de Dilma em todos os segmentos populacionais); em parte dos movimentos sociais que a apoiavam; no Congresso Nacional (o mais conservador desde 1964); e, por fim, nos principais setores empresariais, que foram perdendo a confiança na capacidade do governo em reverter a crise que ajudou a criar pela sua própria política econômica. Tentou conciliar com os “de cima” e perdeu apoio dos “de baixo”, depois perdeu apoio dos “de cima” e tentou se agarrar aos “de baixo”, mas sempre sem apresentar uma agenda de reformas estruturais a favor da maioria do povo.

Vendo a fragilidade do governo e a piora do quadro econômico, a direita tradicional e setores do grande capital, optaram por uma postura mais agressiva e desestabilizadora, indo para a ofensiva, culminando na última sessão do Senado Federal.

Michel Temer, que assumiu a presidência através de uma conspiração midiática e parlamentar, tem sido citado frequentemente nas acusações de corrupção. Seu nome figura em listas e várias denúncias de recebimento de propinas de empreiteiras investigadas na Lava Jato. E como se não bastasse, tem a mesma rejeição que teve a Dilma em seus piores momentos. Mais de 60% do(a)s cidadãos/cidadãs brasileiro(a)s preferem uma nova eleição à posse deste homem até 2018 na Presidência.

Por todo o exposto, O SINASEFE se coloca ao lado das organizações populares e dos movimentos em defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, mas não será instrumento dos interesses eleitorais de nenhum partido e não se tornará defensor do Governo Dilma ou de qualquer outro. 

Cerraremos fileiras contra o Governo Temer e continuaremos a defender os interesses de nosso(a)s servidore(a)s e da classe trabalhadora em geral, a educação pública gratuita, de qualidade e socialmente referenciada e a democracia, por mais limites que ela tenha. Que a coerência seja a nossa prática, a unidade nosso objetivo e a esperança, a nossa voz.

Fora Temer e todos os corruptos e reacionários do Congresso Nacional!

Contra o PLP 257!

Contra a Reforma da Previdência!

Contra o PL Escola Sem Partido!

Nenhum direito a menos!

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